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Você se sente uma farsa? Saiba um pouco mais sobre a síndrome do impostor.

Foto do escritor: Verônica ReisVerônica Reis

Antes de começarmos a pensar sobre esse tema, é interessante pontuar o que é uma síndrome. Ela se caracteriza em um conjunto de três ou mais sintomas que potencializam um quadro de patologia. Tenha, por exemplo, a tão conhecida síndrome de Down. Dessa forma, se apenas um sintoma aparece, ele não caracteriza uma síndrome.


Nesse sentido, o que é a síndrome do impostor?


Primeiramente, cabe dizer que aqui no blog não vamos considerá-la como uma síndrome, mas sim, como um fenômeno tal qual fizeram as autoras Pauline Clance e Suzanne Imes em seu estudo pioneiro em 1978.


Para elas, as pessoas que o experienciam sentem que seu sucesso se deve a algum acaso misterioso ou sorte mesmo que muitas vezes sejam muito bem-sucedidas para quem olha de fora. Constantemente, estas pessoas pensam que suas realizações não se devem ao resultado de sua própria habilidade e competência. Da mesma forma, elas frequentemente acreditam que o sucesso não pode se repetir a menos que façam esforços gigantescos para tal e, ainda assim, temem que da próxima vez estraguem tudo e sejam desmascaradas.


Esse fenômeno é geralmente associado a como “o impostor” interpreta o contexto no qual se encontra. Por exemplo, várias pesquisas citadas por Matos (2014) apontam que homens e mulheres que atuam em áreas profissionais dominadas pelo sexo oposto são mais suscetíveis a ele. Assim, vale lembrar o que já escreveu Bandura (1982: 125 apud Matos, 2014: 27) de que “as pessoas são mais influenciadas sobre como elas leem suas performances de sucesso, do que o sucesso por si só”.


Nessa linha de raciocínio, o padrão que os “impostores” apresentam ao externalizar o sucesso enquanto ao mesmo tempo internalizam o fracasso, pode desembocar em um sentimento de culpa diante da situação e ansiedade pela possibilidade de que sejam descobertos. A já citada doutora Clance desenvolveu um questionário que pode ajudar a ver se esse padrão se aplica a você. A ferramenta está em inglês e possível realizá-la neste link. Caso a língua seja um empecilho, Matos (2014: 97) faz a tradução das perguntas que pode ser encontrada no apêndice B de sua obra.


O fenômeno do impostor descreve precisamente como você se sente?


Então desafie suas crenças. Questioná-las é uma forma muito eficiente de tornar seu pensamento mais flexível e te ajudar em lugar de te colocar em apuros. Em outras palavras, quando a convicção de ser um fracasso chegar, pergunte-se:


1. Como você pode ter certeza disto?

2. Há alguma outra explicação?

3. Quando você pensa isto, o que parece estar por trás desta afirmação?

4. O que levou você a pensar isto?


É bem possível que a resposta a essas perguntas revelem muito sobre sua opinião acerca de si mesmo e seu estilo atributivo, que nada mais é que maneira como aprendemos a perceber, explicar e interpretar eventos. E, se os temas que apareceram te levaram a mais questionamentos, um psicólogo pode te ajudar a identificar conteúdos cognitivos rígidos e inflexíveis e colocá-los em perspectiva.


Lembre-se que você pode procurar ajuda com psicólogas e psicólogos profissionais e ser bem acolhido em suas questões.


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Leituras sugeridas:

Clance, P. R., & Imes, S. A. (1978). The imposter phenomenon in high achieving women: Dynamics and therapeutic intervention. Psychotherapy: Theory, Research & Practice, 15(3), 241–247. https://doi.org/10.1037/h0086006

Fernández Jiménez, E., & Bermúdez Moreno, J. (2000). El pesimismo defensivo y el síndrome del impostor : análisis de sus componentes afectivos y cognitivos. Journal of Psychopathology and Clinical Psychology, 5(2), 115-130. doi:https://doi.org/10.5944/rppc.vol.5.num.2.2000.3892

Matos, P. A. V. C. (2014). Síndrome do impostor e auto-eficácia de minorias sociais: alunos de contabilidade e administração. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo. doi:10.11606/D.12.2014.tde-07012015-175044.


74 visualizações4 comentários

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4 Comments


Angela Dias
Angela Dias
Aug 02, 2020

Obrigada pelo comentário, Veronica!

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Verônica Reis
Verônica Reis
Aug 02, 2020

Oi Angela e Marcelle, obrigada por seus comentários. Então, sobre os escores: Um escore de sessenta representa, segundo as autoras da ferramenta, uma percepção média de si enquanto impostor(a). Isso pode ser interpretado como em algumas áreas da vida isso aparece com força, mas não em todas as áreas da vida.

Quando falamos de contexto, é muito pertinente lembrar que somos bastante treinadas a aceitarmos a percepção negativa que temos de nós mesmas (e acatar como verdade).

Nesse sentido, vale bastante a pena prestar atenção no que é evidência de fato e o que é o que pensamos. Temos uma tendência forte a acreditar no que pensamos sobre nós mesmas, o mundo e os outros apesar de muitas vezes dados concretos…

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farah.marce
Aug 02, 2020

Texto bastante esclarecedor! Obrigada pelas indicações de leitura também. Meu resultado foi 65 no teste...

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Angela Dias
Angela Dias
Jul 31, 2020

Meu score na ferramenta que você sugeriu foi 60...

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