Problemas com procrastinação?

Salvas as vezes que a complexidade de uma situação requer seu adiamento para sua melhor resolução, atrasar uma tarefa, além de ser desnecessário, pode trazer consigo sentimentos desagradáveis. Eles podem ser culpa, ansiedade, vergonha, inadequação e arrependimento.

Esquivar-se de uma ação a tal ponto que isto gere prejuízos em alguma área da vida, chama-se procrastinação. Ela é algo comum e torna-se um problema quando impede o funcionamento normal das atividades. Aliás, segundo Costa e Talask (2019: 278), “para alguns indivíduos, a procrastinação se torna um mau hábito, causando inúmeros prejuízos ao longo da vida, podendo afetar a saúde, o desempenho e/ou suas relações sociais.”

Então, mesmo sabendo dos malefícios, o que leva alguém a procrastinar?

Os mesmos autores dizem que a procrastinação

[...] é uma falha autorregulatória. [Entendemos por] autorregulação [...] nossa habilidade em regular processos relacionados aos nossos pensamentos, às nossas emoções e aos nossos comportamentos. Uma pessoa que procrastina apresenta dificuldade em regular alguns desses processos. (ib: 278)

Há por parte do procrastinador interesse em adiar o sofrimento, que neste caso é a resolução da tarefa. Porém, da mesma forma que tal pessoa sente menos desconforto inicialmente, quando o assunto se torna inadiável, é que os problemas aparecem. Ela não só se depara com níveis de estresse superiores aos de quem não deixou para depois, como também tem um desempenho inferior ao executá-la.

A procrastinação dá um alívio momentâneo, mas é causa de maiores prejuízos em longo prazo.

Sendo um comportamento, a procrastinação está geralmente associada a fatores cognitivos e emocionais (como o desconforto da tarefa ou o medo do fracasso. Por isso, é uma estratégia para regular, em curto prazo, emoções negativas que acompanham a avaliação de uma atividade.

Portella (2020) propõe algumas estratégias para desenvolver resiliência que acredito serem bastante eficazes também para vencer a procrastinação:

1. Acalme-se e procure discernir entre os diversos problemas que está enfrentando: Defina o número de problemas e a urgência deles. Faça uma lista hierarquizada do menos difícil para o mais difícil.

2. Escolha um problema como alvo: Selecione um problema (entre os 2 ou 3 da lista) para ser o alvo do trabalho.

3. Defina o problema de forma prática: Seja específico

4. Gere soluções (brainstorming): O que importa aqui é a quantidade de ideias para lidar com o problema, não a qualidade delas.

5. Compare as soluções listadas a partir do item 4: Analise as vantagens e desvantagens (coloque peso de 0 a 100 em cada uma) e selecione a melhor solução

6. Implemente o plano de ação: Crie um plano com data para ser iniciado. Liste possíveis obstáculos e desenvolva estratégias para lidar com eles.

7. Avalie os resultados.

8. Repita as etapas quantas vezes forem necessárias.

Leitura Sugerida para se aprofundar neste tema:

Leahy, R. L. (2007). Como lidar com as preocupações: Sete passos para impedir que elas paralisem você. Porto Alegre: Artmed.

Costa, R. T; Talasak, G. (2019). Procrastinação. In: Psicoeducação em Terapia Cognitivo-Comportamental. M. R. Carvalho, L. E. N. Malagris e B. P. Rangé (Orgs.). pp. 277-290. Novo Hamburgo: Synopsis.

Portella, M. (2020) Resiliência (Infográfico). Rio de Janeiro, CPAF.

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