Os estudos sobre estresse iniciam-se na saúde em 1936 quando o médico húngaro Hans Selye pega emprestado tal termo da física que considera o desgaste a que os materiais são expostos. No caso dos estudos de Selye, o material seria a saúde do paciente e o desgaste, as consequências físicas que ele acarreta (Lipp e Malagris, 2011; Nabinger, 2016). Em outras palavras, o estresse é uma reação normal à quebra do equilíbrio do organismo que demanda sua readaptação (Portela, 2020).
Atualmente sabemos que são diversos os estímulos capazes de gerar estresse e que nem sempre é um dado evento que desencadeia a reação, mas sim a interpretação que o indivíduo dá a ele. Nesta deixa, podemos dizer que há basicamente dois tipos de estressores (Portella, 2020):
Externos: relacionados ao ambiente ou circunstâncias da vida. Por exemplo: barulho, calor ou frio extremos, excesso de trabalho, doença grave na família, isolamento, acidentes, dentre outros.
Internos: pensamentos desadaptativos e preocupações.
O estresse está diretamente ligado às nossas emoções e vulnerabilidades individuais. Avanços nos estudos de imagem e na medicina vêm observando que a manutenção, a geração e a manutenção das emoções ocorrem antes da presença do pensamento racional. Isso se dá porque a amigdala, estrutura que faz parte de nosso cérebro mais primitivo, é acionada antes do córtex, a estrutura mais nova e a última do nosso cérebro a amadurecer. Por isso, antes que possamos raciocinar sobre uma situação, nosso organismo já inicia a liberação de cortisol, hormônio responsável por colocar o corpo em estado de alerta para enfrentar o perigo. Desta maneira, se o estresse for prolongado ou permanente, o hormônio passa a ser tóxico para o organismo (Nabinger, 2016).
As pesquisas mais recentes acerca do tema propõem o estresse como um processo fásico divido nos estágios de (Lipp e Malagris, 2011):
1. Alarme: quando respondemos ao estímulo que desafia nosso organismo;
2. Resistência: quando nosso organismo procura reestabelecer o equilíbrio apesar da presença do estressor;
3. Quase-exaustão: quando o organismo passa a dar sinais de cansaço e o processo de adoecimento físico e emocional inicia;
4. Exaustão: quando o organismo não consegue mais se adaptar a situação e as reservas de energia se esgotam (aqui entra um sinal importante para a instalação da síndrome de burnout).
Dito isto, é importante observar o estresse desde seus primeiros estágios para que ele não evolua incapacitando a pessoa. A psicóloga Monica Portella (2020) propõe alguns exercícios para manejo do estresse:
1. Faça uma lista das fontes de estresse que enfrenta neste momento
2. Classifique as fontes de estresse como internas ou externas
3. Em relação às fontes externas, classifique suas preocupações em: reais com solução, reais sem solução ou irreais.
A autora (Portella, 2020) também propõe exercícios para transformar preocupações em desafios:
1. Faça uma lista de suas principais preocupações
2. Repense como cada uma delas sinaliza desafios e oportunidades.
Agora, se você está tão estressado que não quer nem pensar em listas, vale dar uma atenção às sugestões da psicóloga Marilda Lipp (Sinopsys Editora, 2020), uma das maiores especialistas sobre o tema no país. Ela diz que o controle do estresse está primeiramente em eliminar o que você pode e em aceitar o que você não pode. Para ela, não existe não ter estresse, mas é possível controlá-lo. Logo, se você está em isolamento completo nessa quarentena, experimente:
Pensar no isolamento como algo episódio. Ou seja, ele terá fim;
Telefonar para outras pessoas;
Fazer pequenos vídeos e enviar para membros de sua família;
Mandar mensagens de alegria e felicidade para as pessoas;
Movimentar-se. Caso seu espaço seja restrito, dançar;
Ler temas prazerosos;
Ver notícias apenas uma vez por dia;
Evitar redes sociais que só falam de tragédia;
Cantar, rezar, cantarolar. Estas atividades neutralizam as preocupações e os pensamentos mais negativos;
Fazer exercícios de respiração profunda e relaxamento. Leve sua mente para um lugar que lhe seja agradável.
Por último, mas não menos importante, entenda até onde seu braço alcança. Isto é, procure conhecer seus limites fazendo tudo o que você pode apenas com o que você pode. Lembre-se de respeitar seu corpo e sua mente tratando-se com apreço e carinho.
Caso esteja muito difícil, procure auxílio psicológico profissional.
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Leitura sugerida:
Lipp, M. & Malagris, L. E. N. (2011). Estresse – Aspectos históricos, teóricos e clínicos. In Rangé, B. (Ed.), Psicoterapias Cognitivo-Comportamentais. Um Diálogo com a Psiquiatria (2a ed., pp. 617–632). Artmed.
Nabinger, A. B. (2016) Psicoterapia e neurobiologia dos esquemas. In Wainer, R. et al (Orgs.), Terapia Cognitiva Focada em Esquemas. (pp. 27-38). Artmed.
Portella, M. (2020) Estresse e Qualidade de Vida. [Infográfico]. CPAF-RJ.
Sinopsys Editora. (2020, julho 07). Gestão do Stress em tempos de Pandemia | Sinopsys Entrevista #3. [Arquivo de Vídeo]. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=VHkgeyVl_08
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