Dedicada ao dia dos avós que celebrado no final de julho e ao dia dos pais que acontecerá na segunda semana deste mês de agosto, a postagem desta semana traz um tema interessante: a aprendizagem vicária.
A aprendizagem vicária é um conceito que aparece na psicologia social nos meados dos anos 1960 através das pesquisas do psicólogo canadense Albert Bandura. Em linhas gerais, ela fala do que aprendemos pelo exemplo. Ou seja, como tendemos a replicar os comportamentos que observamos nos outros. Essa réplica visa imitar uma pessoa-modelo para assim identificar-se com ela e seus valores e atitudes.
Ela é um processo não inteiramente consciente e objetiva a adequação ao ambiente que a pessoa está. Para Bandura (1962), isso era especialmente significativo em situações de agressividade. Em uma de suas pesquisas mais famosas ele percebe a relação entre o aumento da agressividade das crianças após serem expostas a adultos agindo desta forma.
Isto nos leva aos três conceitos-chave em aprendizagem social: observação, modelagem e imitação. Podemos pensar nisso mais ou menos assim: vemos alguém andar de bicicleta, alguém nos instrui ou serve de exemplo e tentamos imitar até ficarmos craques. Por conseguinte, podemos entender que a aprendizagem vicária acontece tanto dos comportamentos socialmente aceitáveis quanto reprováveis. Então aquele velho ditado do “faça que eu digo, mas não faça o que eu faço” tem muito pouca serventia nas interações da vida prática.
Nesta linha de raciocínio, há estudos que demonstram que até mesmo o medo pode ser apreendido após observarmos as reações de pessoas-modelo a um estímulo aversivo (Reynolds et al, 2017). Por exemplo, se a criança vê sua mãe reagindo intensamente à presença de uma lagartixa em casa ela pode, por aprendizagem vicária, assumir a mesma postura que a mãe e no futuro nem saber o porquê de suas próprias reações.
Existem outros fatores que entram em jogo para que a aprendizagem vicária seja consolidada, os quais não serão abordados aqui para não nos delongarmos muito. Agora, será que somos mesmo sentenciados a viver nossas vidas reagindo sempre da mesma forma?
A psicologia cognitivo-comportamental dirá que podemos modificar a maneira como encaramos as situações ou problemas quando somos expostos a maneiras de fazer diferente, aceitamos nossa parcela de responsabilidade na questão e nos dispomos a mudar. Assim, vale sempre a pena observar o quanto:
1. seu comportamento está funcionando na sua vida atual?
2. você gostaria de mudar como se sente quando certa questão surge?
Se as respostas a essas perguntas te deram uma vontade de investigar mais profundamente, a terapia psicológica pode ajudar! Procure um(a) psicólogo(a) profissional.
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Leitura Sugerida:
Bandura, Albert. (1962). Social Learning through Imitation. University of Nebraska Press: Lincoln, NE.
Gemma Reynolds, Andy P. Field & Chris Askew (2017) Learning to fear a second-order stimulus following vicarious learning, Cognition and Emotion, 31:3, 572-579, DOI: 10.1080/02699931.2015.1116978
Ah Sylvania, que carinho bom esse retorno <3 A aprendizagem vicária também tem sido chamada de aprendizagem observacional por algumas traduções.
Veronica querida,
Não sabia que este tipo de aprendizagem, tão utilizada por todos nós, se chama vicária. Adorei!!!
O texto esta muito interessante e esclarecedor.
As imagens que você consegue descobrir para ilustrar cada texto seu publicado tem sido para mim um presente.
Muito obrigada!!!
Grande beijo
Sylvania Morani